Cada dia que passa tenho mais e mais certeza de que os melhores passeios são os menos badalados. E quanto menor a expectativa maior a recompensa! Por isso a navegação pelo lago Argentino, visita à Estância Cristina e caminhada até o Glaciar Upsala fizeram desse passeio um dos mais surpreendentes de toda a Patagônia Argentina. E a concorrência não estava fácil!
ESTÂNCIA CRISTINA E GLACIAR UPSALA
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- Duração: Aproximadamente 13 horas;
- Principais atividades: Passeio de barco pelo Lago Argentino, observação de icebergs, Estância Cristina, trekking ou 4×4 até no Glaciar Upsala, Museu da Estância;
- Reserva: Pelo Get Your Guide ou Civitatis;
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O que você vai ler nesse post
Tenho que confessar que sou maníaco por planilhas de viagem. Adoro montar roteiros e cronogramas, tudo devidamente anotado e planejado no Excel. Apesar de me divertir (muito) fazendo isso, acabo perdendo um pouco do efeito surpresa em alguns casos.
Por isso, o dia que passamos na Estância Cristina e Glaciar Upsala foi uma boa surpresa. Eu sabia que era um passeio essencial em El Calafate mas só inclui no roteiro porque não teríamos tempo de ir até El Chaten ou Fitz Roy.
No fim, pesquisei muito pouco sobre o lugar e só sabia que teria navegação pelo Lago Argentino até a estância e que teria um passeio de 4×4 com mirante para o Glaciar Upsala.
Portanto leitor(a)-viajante, fique ciente que temos spoiler a partir daqui, com belas imagens e muitas informações sobre o passeio.
COM QUEM FAZER O PASSEIO
No centrinho da cidade de El Calafate é possível encontrar várias agências oferecendo pacotes para as atrações principais.
Também é possível reservar essa atividade com antecedência pelos sites da Civitatis e da Get Your Guide.
Mesmo estando hospedados em um hotel fora do centrinho de El Calafate o transfer nos buscou no Alto Calafate Hotel e nos levou até o Puerto Bandera. Aliás, se vai a El Calafate e não decidiu onde ficar dá uma olhada nas opções de hotéis do Booking nesse link aqui.
NAVEGAÇÃO DE BARCO PELO LAGO ARGENTINO
Chegando no pier embarcamos em um barco grande de dois andares, bem moderno com mesas e bancos confortáveis e ambiente climatizado.
A viagem de ida é longa e dura cerca de três horas. No trajeto de ida o barco navega até perto do Glaciar Upsala e passa por vários icebergs que se desprendem dos glaciares.
Muitos desses parecem esculturas e não é difícil encontrar semelhança com algum animal. Os guias vão sempre explicando sobre a história, geografia e fauna da região.
O gelo desprendido do glaciar tem uma característica especial que provoca a cor azul intensa. Devido a pressão durante a sua formação o gelo não tem bolhas de ar.
Quando o sol atravessa o gelo este não absorve todas as cores, principalmente a cor azul.
Apesar de levar três horas a viagem não é monótona. Isso porque a cada instante novos icebergs cada vez maiores passam bem perto do barco.
Toda a viagem é guiada em inglês e um espanhol compreensível mesmo para aqueles com mais dificuldade no idioma.
CHEGANDO A ESTÂNCIA CRISTINA
Chegamos na Estância Cristina e desembarcamos em um pequeno e inóspito porto. O terreno é um descampado frio, cercado por montanhas.
Caminhamos por uns 10 minutos até finalmente chegar a tal estância. Ali o grupo se dividiu em 2 sendo que um grupo partiu para o treckking até o Glaciar enquanto o outro grupo ficou para conhecer a estância e um pequeno museu local.
O treckking tem duração de 6 horas e exige certo preparo físico pois são 14 quilômetros de caminhada montanha acima.
A estância tem um restaurante que oferece almoço porém quem faz o treckking não tem tempo de almoçar na estância e precisa levar lanche.
Nós optamos por almoçar na estância e foi uma experiência legal muito mais pelo ambiente do que pela comida em si. Portanto é razoável considerar levar um lanche e comer no restaurante e economizar essa refeição (que custa mais ou menos R$ 300,00 por pessoa).
Na foto do restaurante abaixo, os bancos da direita são reservados para quem trouxe o próprio lanche e as mesas da esquerda para quem vai almoçar no local.
A HISTÓRIA DA ESTÂNCIA CRISTINA
O museu conta a história da fundação da estância em 1914 por Joseph Percival Masters e Jessie Elisabeth Waring. O casal veio da Inglaterra para criar gado na região. O nome da estância é em homenagem a Cristina Masters, filha de Joseph.
Apesar de ser uma história comum em boa parte da colonização de regiões inóspitas, eu ainda acho surreal a ideia de um casal que sai da seu país de origem para se instalar em um pedaço de terra no meio do nada.
Lembrando que a quase 100 anos atrás não havia nenhum tipo de desenvolvimento ou estrutura na região.
Por outro lado é isso que torna essas histórias tão interessantes. Pois se esse casal não tivesse tomado essa atitude, talvez o lugar ainda estivesse inexplorado, pelo menos para um turismo comercial.
MORRO ACIMA EM UMA CAMINHONETE 4X4
Depois do museu e do almoço fizemos uma caminhada pela estância. Quem opta for ficar hospedado ali tem a possibilidade de fazer outras atividades como andar a cavalo, pescaria, trilhas e caminhadas.
É aquele lugar para literalmente “se desconectar”, até porque dificilmente um sinal de celular vai pegar por ali!
Em seguida partimos em direção ao Glaciar Upsala em um carro 4×4. Percorremos cerca de 10 quilômetros em um terreno íngreme e acidentado por aproximadamente uma hora.
A paisagem do caminho é belíssima e foi uma pena não pararmos para contemplar e tirar fotos.
MIRANTE DO GLACIAR UPSALA
Ao final da estrada descemos próximos a uma espécie de abrigo para pesquisadores. Caminhamos por cerca de meia hora em uma trilha leve e (quase) plana.
Ao final da trilha chegamos finalmente ao mirante com vista para o Glaciar Upsala. A vista á de cima era de tirar o fôlego!
O lugar por si só é espetacular. Apesar do vento forte e gelado o clima ajudou consideravelmente. Os próprios guias comentaram que nos dias anteriores o tempo estava fechado. Segundo eles encontrar um dia ensolarado como aquele era raro na região.
Aliás esse é um aprendizado de toda a viagem pela Patagônia Argentina e Chilena. Não se preocupe tanto com as condições climáticas. Aproveite ao máximo o passeio e tenha paciência! O clima em toda a região muda rapidamente!
Também achei bem legal o fato dos guias darem tempo suficiente para que todos pudessem ouvir as explicações sobre os glaciares, tirar as merecidas fotos e apreciar o silencio e a beleza do lugar.
Do alto do mirante é possível observar os vários ‘braços’ do glaciar que desembocam no lago.
Diferentemente do Perito Moreno, o Glaciar Upsala está em processo de redução. Segundo os guias, boa parte do lago era coberto pelo Glaciar a algumas décadas atrás.
CONCLUSÃO SOBRE ESTÂNCIA CRISTINA
Retornamos pela trilha e com o mesmo carro 4×4 que deveria ter ido direto para o pier. Porém, alguém do grupo deixou a mochila na estância (tá bom, fui eu!) e tivemos que fazer um pit-stop no caminho.
Embarcamos no barco e retornamos ao porto de El Calafate. Dessa vez a navegação foi de aproximadamente duas horas pois o barco retornou direto para Puerto Bandera.
Sem dúvida um dos passeios mais espetaculares da viagem, com paisagens bucólicas e uma atmosfera bem diferente. É como visitar um outro planeta, sabe? Ah, você nunca visitou outro planeta? Não tem problema, confia em mim que é bem parecido!
Recomendo fazer esse passeio um dia depois da visita ao Glaciar Perito Moreno (veja como foi). São duas experiências diferentes e complementares!
7 comentários
Que show!! Fotos lindas!
Adorei as imagens, e otexto claro faz a gente curtir todo trajeto.
Bem detalhado o passeio. Estava na dúvida, pois não estou em forma para grandes subidas a pé e seu relato foi muito esclarecedor. Bora lá 🙂
ótimas dicas!!!
Obrigado Angélica!
eu gostaria de receber a planilha!!! amei o conteúdo!!!
Oi Renata, que bom que curtiu! Te mandei a planilha por e-mail! Se não chegar veja na caixa de spam! Abs!