Torres del Paine é um parque nacional chileno localizado na região de Magalhães e Antártica Chilena. Uma das principais atividades do local são as diversas trilhas que percorrem o parque, sendo que uma das mais famosas é o trekking até a base das torres . Fizemos a trilha de quase 20 quilômetros até a base das torres e vou contar nesse post todos os detalhes e dicas!
RESUMO DO TREKKING ATÉ AS TORRES DEL PAINE
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- Duração: Pelo menos 10 horas;
- Principais atividades: Trekking de 20 km até a base da Torres del Paine;
- Valor: Ingresso ao parque U$ 35,00 na alta temporada;
A viagem até Torres del Paine fez parte do nosso roteiro pela Patagônia argentina e chilena. O roteiro completo está nesse post Roteiro pela Patagônia – O que fazer em 10 dias. Seguimos viagem de El Calafate a pequena cidade de Cerro Castillo, onde ficamos hospedados.
Depois de passeios fantásticos pelo Glaciar Perito Moreno e Estância Cristina achávamos difícil encontrar outro destino que pudesse superar a patagônia argentina, mas estávamos enganados.
O Parque Nacional de Torres del Paine é uma gigantesca área de preservação com mais de 220 mil hectares. Além das trilhas, o parque conta com diversos pontos turísticos contemplativos, cachoeiras, lagoas, geleiras e passeios de barco.
Visitamos o parque por dois dias (poderia ter sido mais) e em um deles fizemos o trekking até a base das torres.
COMO CHEGAR AO PARQUE DE TORRES DEL PAINE
O acesso ao parque Torres del Paine não é dos mais fáceis. Isso porque além de estar a aproximadamente 250 km de El Calafate, a cidade com estrutura mais próxima é a cidade de Puerto Natales a 80 km do parque.
Além disso, são pouquíssimos postos de gasolina no trajeto e nenhum dentro do parque. Sendo assim, é preciso ter muita atenção ao se deslocar pela região com carro alugado.
Mas para saber todos os detalhes de como fizemos a logística entre El Calafate e Torres del Paine, leia o post sobre Dicas Essenciais sobre a Patagônia.
Em resumo, nós alugamos um carro em El Calafate e atravessamos a fronteira da Argentina com o Chile.
Logo que atravessamos a fronteira ficamos hospedados em um vilarejo chamado Cerro Castillo, para ficar o mais perto possível da entrada do parque. A vila não tem muito a oferecer, além de alguns pares de hotéis e uma lanchonete.
POR ONDE ENTRAR NO PARQUE TORRES DEL PAINE
Para acessar o parque é preciso pagar uma taxa de CLP 21 mil (aprox. R$ 120,00) na alta temporada (CLP 11 mil na baixa) que dá acesso a três dias consecutivos.
Para se locomover lá dentro é preciso ter carro ou contratar uma agência, pois o parque é gigantesco. Também é comum ver pessoas pedindo carona para ir de um ponto a outro.
O ponto de início da trilha até a base das torres é próximo ao Hotel Las Torres de Patagônia. O hotel é uma das poucas opções de hospedagem dentro do parque e é passagem para quem inicia a trilha.
Perto do hotel tem um estacionamento gratuito e um local com banheiros, lanchonete e loja de presentes.
COM QUEM FAZER O TREKKING ATÉ AS TORRES DEL PAINE
Dessa vez nós fizemos o trekking por nossa conta, sem contratar nenhum guia. A trilha é muito bem sinalizada , segura e bem movimentada. Além disso, já tínhamos pesquisado bastante sobre a trilha para tirar nossas dúvidas. Mas por segurança, não faça a trilha sozinho!
Dica de Viajante: Tem uma opção de contratar um passeio a cavalo que te leva até o Refúgio Chileno, que está mais ou menos na metade do caminho. É uma opção interessante para quem quer diminuir o tempo e esforço da trilha.
QUANDO FAZER O TREKKING ATÉ AS TORRES DEL PAINE
Definitivamente durante o verão! Apesar de o parque ficar aberto o ano inteiro, no inverno as temperaturas caem muito e o clima não fica propício para esse tipo de atividade.
Além disso, durante o inverno, a base das torres fica com muita neve e o lago congela.
Nós fizemos o trekking no meio de Outubro e a lagoa ainda estava descongelando. Para garantir que o gelo já derreteu eu recomendo programar a viagem entre Novembro e Abril.
Por outro lado é importante considerar que, independente de ser verão ou inverno, o clima nas torres pode mudar radicalmente em questão de horas. Mas sem spoliers! Isso fica pro final do post!
OUTRAS OPÇÕES DE TRILHAS
Existem dois circuitos principais para trilhas chamados de Circuito W e O. Completar os circuitos é uma tarefa que existe muita dedicação física, planejamento e vários dias de caminhada.
Por outro lado, é possível realizar pedaços dos circuitos (que foi o que fizemos com o trekking até a base das torres).
Só para ilustrar o tamanho do parque, no mapa abaixo a linha vermelha mais grossa é a trilha até a base das Torres.
As linhas vermelhas e laranjas pontilhadas são os circuitos W e O. E ainda tem os trechos que podem ser feitos de carro (linha cheia azul) além de outras trilhas menores.
Clique aqui para ver o mapa oficial do Parque de Torres del Paine.
ONDE FICAR HOSPEDADO EM TORRES DEL PAINE
São várias opções de hospedagem cada qual com suas vantagens e desvantagens. Mas acampar dentro do parque é uma boa opção para aqueles que pretendem fazer mais trilhas.
Aparentemente a estrutura de camping é muito boa e para quem tem interesse eu recomendo acessar o site oficial do Parque Nacional e conferir as regras, valores e pré-requisitos.
Para se hospedar em hotéis dentro do parque eu recomendo pesquisar as opções pelo Booking. Apesar de poucos os hotéis disponíveis tem ótimas notas e avaliações.
Uma vez que as opções dentro do parque são caras e esgotam rápido, fizemos um post detalhado sobre outras opções de hospedagem para quem viaja até Torres del Paine.
O QUE LEVAR NA TRILHA
Simples: somente o básico! São 20 quilômetros de caminhada entre montanhas, vales e rios. Com toda a certeza você não vai querer passar o dia com peso desnecessário nas costas. Uma lista básica de coisas para levar:
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- Óculos de sol e protetor solar;
- Água – ideal levar 2 litros (apesar que dá pra tomar água do rio);
- Lanche – tem um ponto de apoio (Refúgio Chileno) no meio da trilha mas o ideal é levar um lanche ou frutas para comer no caminho;
- Casaco impermeável e segunda pele – o tempo muda rapidamente durante o percurso;
- Tênis de trilha impermeável – um tênis normal pode servir, mas se não estiver bem firme nos pés vai atrapalhar. Além do que ele vai molhar na chuva, poças, rios ou neve.
- Um par de meias e camiseta extra – é bem possível que você molhe os pés e sue bastante no caminho. Trocar de roupa na volta é uma boa ideia;
- Câmera fotográfica ou celular – opte por uma ou outra. E pense bem antes de levar acessórios como gimbal e tripé. Eu levei e me arrependi;
- Mochila impermeável ou com capa – de novo, clima instável, é bom prevenir;
- Bastão de apoio – não levamos, mas se tiver um vai ajudar bastante;
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A PRIMEIRA PARTE DA TRILHA: Subindo, subindo, subindo
Podemos dividir a trilha em três partes e vou falar um pouco sobre cada uma delas. Como eu disse, partimos do hotel Las Torres e o primeiro quilômetro foi bem tranquilo, plano e com uma bela paisagem. O tempo estava bem fechado e não conseguimos ver nenhuma das montanhas por trás das nuvens.
Mas a moleza acaba quando começamos a subir as primeiras montanhas. É uma subida constante por alguns quilômetros que nos fizeram questionar se conseguiríamos fazer o percurso todo.
Tenho que admitir que, já nesse primeiro trecho, pensei que talvez não fossemos conseguir. Porém, estabeleci como meta chegar até o Refúgio Chileno para tomar a decisão final.
Vou chutar que são aproximadamente uns 2 km de subida até chegar em um ponto mais alto onde conseguimos observar o vale. Como podem ver na foto, o clima não era dos melhores, tudo nublado e uma leve chuva caindo.
Mais alguns metros a frente e chegamos ao Refúgio Chileno, um ponto de parada que conta com um acampamento e uma pequena lanchonete. A parada é estratégica e ajuda a recuperar o fôlego. Também aproveitamos a pausa para fugir da chuva que caia forte do lado de fora.
O refúgio faz jus ao nome e oferece banheiro (pra quem consome é gratuito) uma lareira para aquecer e secar o corpo e um delicioso chocolate quente. Depois do descanso decidimos que iríamos seguir adiante!
A SEGUNDA PARTE DA TRILHA: Esperança é a última que morre
O segundo trecho é o mais fácil de todos e vai margeando o rio formado pelo degelo das montanhas. Atravessamos várias vezes o rio, sempre passando sobre pontes seguras. A paisagem é muito bonita mas infelizmente só pudemos ver na volta quando o tempo abriu. Na ida, a chuva apertou e, se não fossem as copas das árvores e o casaco impermeável, teríamos ficado ensopados.
Além do caminho ser mais plano, também percorremos boa parte do trecho por dentro da floresta com a proteção das árvores. Em dias de sol imagino que essa proteção faça diferença.
Em certo momento começou a nevar. Sim, isso mesmo! Já não bastava a trilha dificílima, a chuva, o frio e o vento. O tempo continuava totalmente encoberto e as nossas esperanças de ver as torres com o céu limpo eram cada vez menores.
Mas seguimos em frente, até chegar na terceira e última parte da trilha.
A TERCEIRA PARTE: A escalada final
Dizem que quanto maior o esforço, maior a recompensa. Partindo desse princípio a recompensa para essa trilha precisava ser muito grande. Esse era o meu pensamento quando cheguei a última parte da trilha.
Aliás, a parte final do trekking não é uma trilha e sim, uma escalada. Tivemos que subir mais uma montanha, só que dessa vez não havia trilha, somente pedras e árvores pelo caminho.
Esse ultimo trecho tem ‘apenas’ um quilômetro, mas exige muito mais que os outros. A dor nas pernas, especialmente nas panturrilhas era intensa. A chuva já tinha diminuído mas quanto mais subíamos mais o frio aumentava. Acho que paramos umas 10 vezes pra descansar e recuperar o fôlego.
Próximos do topo, os pedras deram lugar ao gelo e a neve. Foi a única parte da trilha que achei um pouco perigosa pois o terreno era irregular e escorregadio.
E enfim, depois de 5 horas de caminhada, chegamos a base das Torres del Paine. A sensação era de alívio por finalmente terminar a trilha e frustração pelas torres estarem totalmente encobertas.
O frio e o vento lá em cima são intensos e não combina nada com quem acabou de percorrer 10 km. Aproveitamos para comer um lanche e tirar as fotos que eram possíveis.
O CLIMA NA BASE DAS TORRES
Costumo ser uma pessoa otimista com relação ao clima durante a viagem. Também já tinha ouvido falar de como o clima nas Torres era volátil e mudava rapidamente.
Mas tenho que confessar que ao ver as torres totalmente encobertas eu havia perdido as esperanças. Depois de almoçar ficamos uns 30 minutos por ali e começamos a nos preparar para o retorno.
Depois de caminhar alguns metros, olhamos para trás e vimos que algumas nuvens haviam se dispersado e que dava pra ver uma parte de uma das torres. Mas é claro que isso foi suficiente pra gente retornar até a base e tirar mais algumas fotos. Afinal, meia torre é melhor que torre nenhuma, certo?
Logo em seguida conseguimos ver a segunda torre, mas a quantidade de nuvens ainda era muito grande! O tempo estava passando e decidimos retornar de vez pois não queríamos enfrentar a trilha de volta no escuro.
Quando já estávamos iniciando a descida a mágica finalmente aconteceu. As nuvens maiores se dissiparam, o sol apareceu e as três Torres ficaram visíveis.
Como já estávamos no caminho de volta subimos em uma pedra mais alta e conseguimos finalmente ter uma visão privilegiada do lugar.
E o lugar é realmente magnífico!
A TRILHA DE RETORNO
A vontade era de ficar mais tempo por ali uma vez que o céu estava ficando cada vez mais limpo. Mas pelas nossas contas iríamos pegar o final da trilha no escuro. Ficamos o máximo possível e iniciamos, de vez, o retorno.
Nem preciso dizer que descer a montanha foi muito mais fácil do que subir. Além disso o fato de que ter visto as torres deu uma motivação extra. E ainda voltamos com sol e com um visual bem diferente da ida.
RESUMO DO TREKKING ATÉ AS TORRES DEL PAINE
Realmente o clima nas torres é imprevisível e pode variar drasticamente em questão de minutos. Muitos relatos em outros blogs que li antes de viajar já haviam reforçado essa mesma experiência que tivemos.
Caso fazer essa trilha seja importante pra você, eu recomendo reservar de 2 a 3 dias em Torres del Paine. Assim você pode escolher o dia que apresentar o melhor clima.
Dica de viajante: Inicie a trilha o mais cedo possível. Assim você terá mais tempo na base e mais chances de ver as torres mesmo em um dia ruim. Também é importante se planejar para não fazer o trecho de volta no escuro.
Acabamos fazendo a volta mais rápido do que na ida. Ainda deu tempo de fazer mais uma parada no Refúgio Chileno e tomar mais um chocolate quente. Também percebemos que as torres são visíveis em praticamente todo o percurso.
No trecho final e última descida ainda fomos presenteados com o pôr-do-sol deixando a paisagem ainda mais colorida. Pra fechar com chave de ouro um dia cansativo, porém inesquecível!
No total foram 10 horas intensas de superação em uma atividade que exige preparo físico e mental.
6 comentários
Uau, lendo este post já me senti lá no Trekking… Estou até ofegante com essa última subida hahaha.
Amo as publicações, parabéns pela superação na trilha e obrigada por compartilhar conosco!!!!
Olá Giovana! Que bom que gostou. Realmente foi um dia de superação!! Obrigado!
As fotos ficaram lindas!!!!!
Obrigado Rosane!! 🙂
Olá, gostei muito de relato!
Vocês foram em qual mês à base das torres?
Abraço
OI Jéssica! Fomos no mês de Outubro. Ainda estava friozinho mas foi um ano atípico de inverno prolongado..